10 março 2009

Caos em Santa Catarina, em outra perspectiva


Recentemente presenciamos uma das maiores trágedias ambientais brasileiras, ocorrida na região norte do estado de Santa Catarina, mais especificamente nas cidades de Itajaí e Blumenau. As fortes chuvas que assolaram o estado no mês de novembro se reverteram em um verdadeiro caos sócio-ambiental.

As encostas literalmente "derretiam", como relatos dos moradores locais. Os rios transbordaram inundando grandes áreas circunvizinhas. Mortes, proliferação de doenças, mal estar, fome, milhares de pessoas sem moradia, abrigadas as centenas em abrigos improvisados, muitos ainda correndo risco de serem atingidos por deslizamentos. Este foi o cenário estabelecido. E quais razões para tal? Pode-se apontar culpados?

Seguramente o volume fora do comum de chuvas foi fator condicionante à formação deste cenário de destruição. No entanto, a falta de políticas públicas e diretrizes de planejamento urbano-ambiental, integrados à realidade da região, foram fatores fundamentais para potencialização da destruição nesta tragédia. Sem esquecer que já haviam ocorrido outras similares em anos anteriores, e que, aparentemente não "ensinaram" nada aos governantes, a cerca do necessário comprometimento social e medidas de planejamento e gestão para áreas mais sucetíveis a riscos naturais.

Portanto, há claramente a necessidade de se ordenar e mapear o espaço urbano, evitando desta forma a ocupação em áreas de preservação permanente (APP) e de risco, como encostas e margens de rios. Pois, estas áreas são zoneadas como APP por suas características naturais, como também por apresentarem áreas suscetíveis a estes desastres e que devem obrigatoriamente serem preservadas.

Não obstante, como lição e exemplo podemos tirar a mobilização e solidariedade do povo brasileiro, que indiferente da região e classe social, doou alimentos, força de trabalho e muita vontade de ajudar, para ao menos, minimizar a dor sentida pelos afetados da tragédia. Contudo, através de relatos de moradores e jornalistas, lamentavelmente houve quem tirasse proveito da generosidade do povo, desviando e ainda sonegando parte das doações para quem realemente precisasse. Simplesmente inaceitável que haja pessoas desse nível e caráter, que vão diretamente ao oposto do demonstrado pelo resto da sociedade neste momento. Mas que é reflexo da falsa malandragem e corrupção histórica brasileira.

Fotos de Henrique Silveira.

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